CARTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE AO POETA E MUSEÓLOGO MARIO CHAGAS - REDE CEARENSE DE MUSEUS COMUNITÁRIOS

sexta-feira, julho 19, 2024


A Rede Cearense de Museus Comunitários, formada por iniciativas comunitárias de memória, patrimônio e museologia social, vem por meio desta manifestar seu irrestrito apoio e solidariedade ao museólogo Mário Chagas, diante de sua exoneração sumária da direção do Museu da República.

Mário Chagas é reconhecido nacionalmente e internacionalmente por seu compromisso de vida com a Museologia. Ele é um dos responsáveis pela construção da Política Nacional de Museus (lançada em 2003) e um dos criadores do Sistema Brasileiro de Museus (SBM), do Cadastro Nacional de Museus (CNM), do Programa Pontos de Memória, do Programa Nacional de Educação Museal (PNEM) e do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). Fundador da Revista Brasileira de Museus e Museologia - MUSAS e criador do Programa Editorial do IBRAM. Atualmente é presidente do Movimento Internacional para uma Nova Museologia (MINOM), professor adjunto da escola de Museologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), professor do Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro em parceria com o Museu de Astronomia e Ciências Afins (UNIRIO/MAST), professor colaborador do Programa em Pós-graduação em Museologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor visitante do Departamento de Museologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT).

Para além de sua atuação intelectual e institucional no campo da museologia, Mário Chagas é um destacado ativista da museologia social, dos museus sociais e comunitários, da educação museal e das práticas sociais de memória e patrimônio. Grande articulador e apoiador da criação de inúmeros museus de favela, museus comunitários, museus de terreiro, entre outros. Sob sua liderança visionária, o Museu da República passou por uma transformação sem precedentes, tornando-se um espaço inclusivo e acessível ao público periférico, artistas e fazedores de cultura de base comunitária no Rio de Janeiro. Seu trabalho incansável promoveu discussões essenciais sobre racismo, racismo religioso, desigualdade social, étnica e de gênero, inclusão e respeito a todas as formas de expressão. Sua gestão inclusiva e democrática trouxe uma nova roupagem ao Museu, tornando-o um verdadeiro espaço de diálogo e valorização das diversas expressões culturais.

As últimas decisões da presidência do IBRAM demonstram autoritarismo, ausência de diálogo e transparência política na decisão tomada. A exoneração de Mário Chagas não é apenas uma perda para o Museu da República, mas também um retrocesso significativo para a cultura e a museologia social no Brasil.

Diante do exposto, a Rede Cearense de Museus Comunitários reitera seu protesto contra essa decisão arbitrária e exige a imediata reintegração do Professor Mário Chagas à direção do Museu da República. A continuidade de seu trabalho é fundamental para a manutenção de um espaço que verdadeiramente representa e valoriza todas as vozes e expressões do nosso país. O Museu da República não pode ser um lugar de exclusão; deve continuar sendo um espaço onde todas as histórias, especialmente as das comunidades e grupos historicamente silenciados, tenham vez e voz. Afinal, a democracia não é apenas uma semente que se planta com palavras, mas uma árvore que cresce com a prática constante do debate político e do respeito às diferenças.




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