Carta Manifesto em repúdio a exoneração do servidor Mario Chagas da direção do Museu da República/Ibram

quinta-feira, julho 18, 2024

 Carta-Manifesto em repúdio a exoneração do servidor Mario Chagas da direção do Museu da República/Ibram

Com profundo pesar, a Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro (Remus-RJ), composta por 35 organizações envolvidas com museologia nas diferentes regiões do Estado, vem  a público manifestar nosso total repúdio à recente exoneração do Prof. Mario Chagas do cargo de diretor do Museu da República. Esta decisão, tomada pela atual gestão do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), foi justificada de maneira vaga com alegações de "desalinhos com a atual gestão". Tal justificativa não apenas desrespeita o direito dos servidores da unidade de se manifestarem quanto à decisão, mas também desconsidera que a seleção para a direção do Museu se deu através de um processo democrático e de ampla concorrência.

Sob a atual gestão, o Museu da República passou por uma transformação significativa, com o objetivo de se manter um verdadeiro espaço de felicidade e inclusão. Incentivando o uso público, o Museu promove serestas, eventos, feiras livres, saraus, exposições e inúmeros lançamentos de livros, criando um ambiente vibrante e acessível para todes. 

Durante a pandemia, o Museu se destacou ao se tornar um Posto Avançado de Vacinação, integrado ao calendário da cidade e cumprindo uma função social essencial. Além disso, a coleção "Nosso Sagrado" foi integrada ao acervo do Museu, marcando um importante passo na reparação histórica e no reconhecimento do valor religioso e cultural das peças sagradas de religiões de matriz africana. A transferência dessas peças, que estavam previamente apreendidas pela polícia, e que atualmente encontram-se em uma gestão compartilhada com lideranças religiosas, simboliza um ato de respeito e reparação. Ainda este ano o Museu da República abriu suas portas para acolher o Museu Nacional dos Povos Indígenas, reforçando seu compromisso com a diversidade cultural e a inclusão. 

Com mais de 40 anos de atuação no campo da museologia, Mario Chagas é um dos responsáveis pela Política Nacional de Museus (lançada em 2003), um dos criadores do Sistema Brasileiro de Museus (SBM), do Cadastro Nacional de Museus (CNM), do Programa Pontos de Memória, do Programa Nacional de Educação Museal (PNEM) e do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). Fundador da Revista Brasileira de Museus e Museologia - MUSAS e criador do Programa Editorial do IBRAM.

A relação entre a Remus-RJ e o Museu da República é antiga, em 2013, o Museu da República sediou a reunião inaugural da Rede de Museologia Social, marcando o nascimento deste movimento e simbolizando o compromisso do Museu com a museologia social, se colocando enquanto espaço de diálogo, inovação e inclusão. Não aceitaremos calados tal afronta à cultura e à gestão democrática dos museus. A exoneração de Mario Chagas configura-se como um ato autoritário e arbitrário, desrespeitando não apenas sua trajetória e contribuição, mas também todo o campo da museologia, em especial a museologia social. É inaceitável que interesses alheios à cultura interfiram de maneira tão drástica na gestão de um espaço tão significativo como o Museu da República.

Convidamos a todes a lutar pela preservação da integridade e da autonomia de nossas instituições culturais e reiteramos nossa profunda indignação.  Estaremos no dia 20 de Julho, sábado, realizando um ato de repúdio e uma plenária aberta na frente do Museu da República para construir uma agenda de atividades que demonstre nossa indignação com tal atitude.


Caso você apoie nossa carta, assine para fortalecer o nosso manifesto: https://forms.gle/Whst9L3E4M4Gmyyp8



18 de Julho de 2024

Rede de Museologia Social do Estado do Rio de Janeiro




Devido a esse acontecimento, o 6º encontro mensal da rede que aconteceria sábado, dia 20/07, no Museu da Maré mudou de lugar e agora ocorrerá no Museu da República, a partir das 10h. Te esperamos no ato! 


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